[TRAMA] A Alma Desaparecida

A ALMA ROUBADA

}}{{ | PART I | }}{{

Assim como o brilho solar, ia desaparecendo qualquer resquício de compaixão humana. Um ser de puro caos caminhava desengonçadamente em meio aos escombros daquele que algum dia foi um templo. As pilastras de mármore que ali estavam ainda não haviam cedido apenas por que o morador daquele local havia encantado o mesmo.

Com passos firmes, se aproximou de uma figura feminina. Os longos cabelos loiros caiam-lhe em suaves ondulações até as costas, tendo uma mecha tingida de um dourado incandescente graças ao ferimento que tivera na testa. Sim, aquela mecha fora embebida em seu próprio Ikhor, mas isso não lhe tirava a beleza que um dia havia sido comparada a da própria Afrodite. Acorrentada e sem poder se livrar pelo estado fragilizado em que se encontrava, tudo o que pôde ver foi aquela que lhe fizera tudo isso se aproximar mais uma vez.

- Está uma bela noite, não concorda minha cara Psiquê? - zombou a mulher à sua frente. - Gostaria de alguma coisa? Uma xícara de chá? O direito a uma única ligação? Não? Eu já esperava por isso.

Psiquê encarou a figura com desprezo, se não estivesse tão debilitada talvez conseguisse derrotá-la, mas sua sequestradora havia jogado sujo. Havia conquistado sua confiança, havia lhe dito que mudaria e que queria uma chance de demonstrar que, apesar de tudo, ela ainda poderia ser uma divindade bondosa. Tudo isso apenas para que quando a deusa da alma baixasse a guarda, ela pudesse atacar da maneira mais cruel possível.

-Você mentiu para mim Lissa. - Psiquê a encarou friamente. - Eu confiei em você e mesmo assim você me apunhalou pelas costas!

- Docinho, o que esperava? Que a deusa da loucura e violência se tornasse pacífica e amorosa? - Lissa gargalhou. - Você é mais louca que eu se pensou isso.

- Mas o que você acha que vai conseguir ao me prender aqui? - a divindade loira tentou se livrar das correntes de maneira falha. - Eu sou apenas uma deusa menor, assim como você, me fazer prisioneira é tolice.

- Tolice? Você acha que me vingar por todo o desprezo que os Olimpianos tem por mim é tolice? - a deusa da loucura soltou um riso descontrolado. - Você sempre foi  amada por todos ao seu redor. Você era uma mortal e foi venerada como uma deusa, se casou com o deus do amor e qualquer coisa que pedir, eles estarão dispostos a lhe dar apenas porque você é "gentil". Mas tudo isso irá mudar, logo meus irmãos estarão novamente libertos daquela maldita urna e juntos avançaremos contra o Olimpo!

- Mas isso é suicídio. - Psiquê tentou argumentar. - Vocês sozinhos não conseguirão derrotar os Olimpianos.

- Não estamos sozinhos, entre nós existem alguns semideuses que estão dispostos a se rebelarem com o péssimo controle de seus pais, ou ainda aqueles que querem uma posição melhor para seus progenitores. - Lissa passou a língua entre os lábios antes de terminar. - Pode parecer loucura, mas nem todos estão satisfeitos com o governo atual!  Sabe como é né? Uma hora a ditadura tem que acabar.



Acampamento Meio-Sangue

O barulho do crepitar da fogueira tornara-se audível após uma mensagem de Íris surgir em meio ao horário de jantar dos semideuses. A imagem trêmula  lhes traziam a informação de que Psiquê, a deusa da alma e esposa de Eros, havia desaparecido. A partir daquele momento era melhor que os semideuses treinassem o máximo possível para os adventos que poderiam vir a acontecer.

Um clima de tensão havia se instalado no acampamento, por mais que Quíron tivesse mandado todos irem dormir porque a manhã seguinte seria mais intensa, ninguém conseguia tirar da cabeça a ideia de que uma deusa desaparecida poderia causar uma guerra