Chalé de Afrodite

Os passos do jovem semideus poderiam ser ouvidos do lado de dentro do chalé, mas não era isso que deixava Aaron nervoso. Sua vida havia virado de pernas para o ar em pouquíssimo tempo, claro que todo mundo tem problemas, mas não são todos que tem um pai rico e uma mãe que é uma divindade, literalmente uma divindade.

A pele do rapaz ainda reluzia de quando fora reclamado, ao que parece Afrodite tinha a sua forma de demonstrar para todos que aquela era sua prole. Certo, ela havia o reconhecido como filho e pela primeira vez o garoto parou para pensar que finalmente sua mãe tinha uma boa desculpa para tê-lo abandonado assim que nasceu. Não que tivesse tido a pior infância do mundo, muito pelo contrário, Aaron viveu como um rei e sabia disso, mas apesar de tudo não agia com arrogância costumeira dos filhinhos de patrão.

- Não há como deuses e mortais ficarem juntos para sempre.-sussurrou.-Mas poderia ter me mandado alguma carta, ou algo do tipo para falar comigo vez ou outra, não podia?

Mas a vida dos deuses estava muito além de ceder aos caprichos de seus filhos misturados, haviam regras a serem cumpridas e Afrodite não poderia fazer uma exceção.

O garoto caminhou em direção a uma cama e escolheu a mais próxima do banheiro e assim que colocou sua mala na cama, viu algo mágico. Em pouquíssimos segundos a madeira pareceu esculpir-se apenas para escrever o nome de Aaron e um pequeno bilhete apareceu ao lado de uma chave.

Após ler o mesmo, o garoto deitou-se cansado e pensativo. As últimas palavras ricochetearam a cabeça do jovem semideus.

-"[...]treine, pois nós deuses precisamos de você". - repetiu algumas vezes até chegar a conclusão.- Somos apenas peças? Nada além disso?

E com esses questionamentos o mais recém-reclamado filho do amor adormeceu.